O Brasil deu um passo decisivo rumo à autonomia tecnológica com o lançamento do projeto MagBras – Da Mina ao Ímã, realizado em 14 de julho de 2025. Este projeto visa consolidar uma cadeia produtiva nacional de ímãs permanentes à base de terras raras, essenciais para setores estratégicos como energia limpa, mobilidade elétrica e defesa. Com um investimento total de R$ 73 milhões, o MagBras reúne 28 empresas e instituições científicas, lideradas pelo Centro de Inovação e Tecnologia (CIT SENAI) e coordenadas pela Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC).
A iniciativa busca reduzir a dependência externa, especialmente da China, que atualmente domina o mercado global de terras raras. O Brasil possui cerca de 23% das reservas conhecidas desses elementos, mas a industrialização da cadeia produtiva ainda é incipiente. O projeto MagBras visa transformar essa realidade, estabelecendo o ciclo completo de produção nacional de ímãs permanentes, desde a mineração até a fabricação final e reciclagem.
Um dos principais diferenciais do projeto é a instalação do LabFabITR – o primeiro laboratório-fábrica de ímãs e ligas de terras raras do hemisfério sul, adquirido pelo CIT SENAI em dezembro de 2023. Localizado em Lagoa Santa, Minas Gerais, o laboratório representa um marco na infraestrutura brasileira para o desenvolvimento de tecnologias avançadas em materiais magnéticos. A unidade conta com capacidade de produção de 100 toneladas por ano de ímãs NdFeB sinterizados e integra áreas de química, metalurgia, processamento mineral, ligas especiais e meio ambiente.
O evento de lançamento contou com a presença de representantes de diversas instituições, como a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep). Durante o evento, foi enfatizada a importância da colaboração entre academia, indústria e governo para o sucesso do projeto. A UFSC, por exemplo, contribui com sua expertise em pesquisa e desenvolvimento, enquanto a FIESC atua na coordenação e articulação entre os diversos atores envolvidos.
O MagBras também se destaca por sua abordagem sustentável e inovadora. O projeto prevê a implementação de processos industriais que minimizem impactos ambientais e promovam a economia circular, com foco na reciclagem de ímãs em fim de vida útil e no reaproveitamento dos cavacos resultantes da usinagem. Além disso, busca-se a adoção de tecnologias de ponta, como manufatura aditiva e processamento a laser, para aprimorar a eficiência e a qualidade dos produtos finais.
A iniciativa está alinhada com as políticas nacionais de desenvolvimento industrial e inovação, como o Programa Mover, operado pelo SENAI Nacional e pela Fundep. O MagBras é considerado um projeto estruturante, com potencial para reposicionar o Brasil na indústria global de ímãs permanentes e contribuir para a transição energética e a soberania tecnológica do país.
O sucesso do projeto dependerá da continuidade do apoio institucional e do engajamento das empresas e instituições envolvidas. A integração entre os diferentes elos da cadeia produtiva, desde a mineração até a aplicação final dos ímãs, será fundamental para garantir a competitividade e a sustentabilidade da indústria brasileira de terras raras.
Em resumo, o projeto MagBras representa um marco na busca pela autossuficiência tecnológica do Brasil, fortalecendo sua posição no cenário global e abrindo novas oportunidades para o desenvolvimento econômico e industrial. Com a união de esforços entre governo, academia e setor privado, o país está mais próximo de alcançar a independência na produção de ímãs permanentes e outros materiais estratégicos, essenciais para o futuro da indústria e da sociedade.
Autor: Daker