A inserção de práticas empreendedoras no ambiente escolar tem sido uma estratégia eficaz para preparar crianças e adolescentes para o mundo do trabalho, da cidadania e da inovação. No contexto rural, as cooperativas escolares se destacam como ferramentas fundamentais de transformação educacional e social, ao aproximarem os estudantes da realidade econômica e produtiva da própria comunidade. De acordo com o empresário Aldo Vendramin, essas iniciativas são mais do que atividades extracurriculares: são verdadeiros laboratórios de cidadania, onde os jovens aprendem a gerir, planejar e cooperar desde cedo.
Implementadas dentro das escolas, com suporte técnico e pedagógico de cooperativas locais ou regionais, essas organizações juvenis permitem que os estudantes vivenciem de forma prática conceitos de administração, finanças, produção e responsabilidade social. Em vez de apenas absorverem conteúdos teóricos, os alunos se envolvem diretamente na rotina de um empreendimento coletivo, que precisa funcionar com organização, metas, relatórios e prestação de contas. O envolvimento constante gera um senso de pertencimento e engajamento que se reflete no desempenho escolar, nas relações interpessoais e na visão de futuro.

O papel das cooperativas escolares na formação de jovens empreendedores
As cooperativas escolares são, na prática, estruturas criadas e geridas por alunos, com apoio de professores orientadores. Elas se organizam para produzir bens ou prestar serviços que tenham relevância local, como hortaliças, produtos alimentícios, artesanatos ou até mesmo conteúdos digitais. Aldo Vendramin ressalta que esse modelo desperta no estudante a capacidade de assumir responsabilidades e lidar com situações reais do cotidiano empresarial, o que contribui diretamente para a construção de uma postura empreendedora.
Além do aprendizado técnico, os jovens são estimulados a tomar decisões coletivas, administrar recursos de forma consciente e entender o papel social de uma organização cooperativa. Isso molda não apenas futuros empresários, mas cidadãos mais preparados para atuar de maneira ética e colaborativa. A vivência em grupo, com divisão de tarefas e rotatividade de cargos, desenvolve habilidades de liderança, comunicação e planejamento estratégico. Essas competências são cada vez mais valorizadas em qualquer campo profissional e fortalecem o protagonismo juvenil dentro e fora da escola.
Permanência no campo e valorização das identidades locais
Um dos impactos mais significativos das cooperativas escolares é o fortalecimento da permanência dos jovens no meio rural. Ao perceberem que é possível gerar renda, inovar e construir futuro em suas comunidades, os estudantes repensam a necessidade de migrar para os centros urbanos. Segundo observa Aldo Vendramin, esse sentimento de pertencimento reduz o êxodo rural e contribui para revitalizar economias locais, criando um ambiente fértil para o surgimento de empreendedores rurais e lideranças comunitárias.
Outro aspecto relevante é a valorização das identidades culturais e saberes tradicionais. Muitos projetos desenvolvidos por cooperativas escolares buscam resgatar práticas antigas, utilizar ingredientes regionais ou divulgar expressões culturais típicas da localidade. Com isso, as escolas tornam-se núcleos de inovação e desenvolvimento regional, estimulando o orgulho local e promovendo o turismo pedagógico e a troca de experiências entre comunidades. A educação, nesse modelo, torna-se uma ponte entre tradição e inovação, fortalecendo os vínculos entre escola, família e comunidade.
Apoio institucional e perspectivas futuras para o cooperativismo juvenil
Apesar dos resultados promissores, as cooperativas escolares ainda enfrentam obstáculos como escassez de recursos, ausência de formação específica para educadores e falta de políticas públicas estruturadas para seu fortalecimento. Conforme destaca Aldo Vendramin, é fundamental criar redes de apoio que envolvam cooperativas adultas, instituições de ensino, universidades e organizações do terceiro setor, garantindo suporte técnico, acesso a materiais e oportunidades de capacitação.
Além disso, iniciativas que incluam o cooperativismo nos currículos escolares e que estimulem parcerias locais podem potencializar a replicação do modelo em outras regiões. A construção de políticas públicas voltadas ao cooperativismo estudantil deve ser vista como um investimento estratégico na formação de cidadãos críticos, autônomos e comprometidos com o desenvolvimento sustentável do país. Com planejamento e apoio adequado, as cooperativas escolares podem se consolidar como referência em educação transformadora.
Autor: Daker Wyjor